Num chuvoso dia de Primavera fomos até à baixa portuense para conhecer um dos novos pontos de referência gastronómica da cidade, o DOP. O chef e restaurateur Rui Paula, dispensa apresentações, tornou-se notoriamente conhecido do grande público através da sua rubrica num programa de tv, o restaurante DOC no Douro trouxe-lhe a aceitação e reconhecimento junto dos críticos e dos seus pares. A sua fama faz com que o seu nome seja mais importante que o restaurante em si como se vê no placar! As pessoas querem, e vão jantar ao Rui Paula, o nome do restaurante é secundário, algo que a fama permite a alguns. O DOP é assim a aproximação do chefe a um público mais alargado, não pela cozinha ou preço, mas sim pela localização. O restaurante localizado no restaurado Palácio das Artes está sobejamente decorado, e traz para a ribalta uma cozinha de raiz portuguesa com produtos nacionais.
Começamos a refeição com uns amuse buche que nos foram amavelmente servidos. Batatas fritas com creme de salmão e limão, excelente sabor do creme a combinar bem com as finas camadas crocantes de batata. Tortilha de Caviar, uma esferificação de ovo e caviar que se revelou interessante pela sua técnica, e textura aveludada.
Ravioli de lavegante e espuma de ananás
Mais um amuse buche com o ravioli al dente, com a frescura da espuma a combinar muito bem com o creme de lavegante.
Seguindo para a refeição propriamente dita, e apesar dos vários menus de degustação, optamos pelo menu á la carte:
Chamuça de alheira, cogumelos salteados (10€)
A minha paixão por alheiras tem destas coisas e lá acabo sempre por escolher algo em que figurem. Nesta entrada, a chamuça estava excelente, bem crocante e com o recheio bem conseguido não estando seco como se poderia temer. O único senão vai para os cogumelos que estavam cozinhados um pouco demais.
Vieiras, ovos de codorniz, cogumelos, puré de grão, vinagreta de mostarda e azeite de trufa (15€)
Uma das entradas mais conhecidas do autor e faz jus a isso mesmo. As vieiras estavam perfeitamente coradas, os ovos delicados e no ponto com um puré leve e de textura suave. Este prato ilustra bem as combinações Terra/Mar que tão em voga se encontram nos dias de hoje. Não deixe de experimentar.
Peixe Galo, risotto de lima, juliana de legumes e molho de 3 queijos e trufa branca (24€)
Confesso que sou sempre algo reticente no que toca a misturar queijo com peixe ou marisco, mas a verdade é que aqui funcionou. O filete estava cozinhado na perfeição com um magnifico risotto e o molho a elevar os contrastes de sabor. O ponto negativo aqui foi a espinha que se encontrava no peixe que por pouco não partiu um dente.
Cachaço de Porco bísaro, cozinhado a 72º durante 12 horas, puré de aipo, espargos, melão embebido em sumo de beterraba (24€)
O meu corte preferido do porco está aqui elevado à excelência, a carne desfazia-se e com a confecção a baixa temperatura manteve todos os seus sucos. O puré estava bastante aveludado e bom de tempero e sabor. Os espargos que deveriam dar aqui alguma textura não o conseguiram fazer por estarem muito para além do seu ponto de cocção. O melão foi uma agradável surpresa técnica e de sabor que trouxe a leveza e frescura necessária ao prato.
Bolo de chocolate, sorbet de tangerina, espuma de framboesa, kumquat e crocante de bolacha
A pré-sobremesa cumpriu bem com as suas funções, limpou o palato e abriu a vontade para algo mais que viria finalizar a refeição. O único reparo vai para o crocante que já não o era a 100%.
Crepe de leite creme crocante, fruta exótica, molho de framboesa, sorbet de citrinos (11€)
O crocante de massa filo combinou na perfeição com o leite creme, onde a doçura foi balançada com o misto de frutos e o sorbet. Uma simples e deliciosa sobremesa.
Domo de Chocolate, espuma de framboesa (11€)
Uma delícia para amantes de chocolate, bolo, mousse de chocolate negro e mousse de chocolate branco. Uma excelente sobremesa que não tendo a mais brilhante apresentação surpreendeu em sabor.
A carta de vinhos é das melhores que já vi, meticulosamente organizada e com mais de 600 referências. Acompanhamos a refeição com um mágico Alvarinho Soalheiro 2009.
O serviço é de excelente qualidade, com o chefe a dar um ar de sua graça pelo restaurante dispensando aos clientes a atenção necessária, contudo alguns dos estagiários não estavam à altura do local em que trabalhavam. Um problema que as escolas de turismo e hotelaria devem mesmo melhorar no futuro, o serviço de sala.
Considerações Finais
O DOP marca uma posição clara na cidade do Porto e vale claramente uma visita. O local está meticulosamente decorado, as loiças são de excelente qualidade e design. O serviço de sala deve ser melhorado (refiro-me apenas aos estagiários, ou pelo menos era o que pareciam) para acompanhar a excelência da cozinha de Rui Paula, uma cozinha portuguesa de raiz tradicional que busca alguma inspiração na modernidade catalã. O preço é claramente o único senão do DOP, Rui Paula não se vende barato, se a casa está cheia essa aposta também está ganha. Prometemos voltar.
DOP – Rui Paula
Palácio das Artes, Largo de S. Domingos, 18, 4050-545 Porto
22 201 43 13.
Um desfile de pratos delícioso, que me deixou com fome e ainda falta tanto para o jantar.
Também já fui ao DOP e curiosamente escolhi algumas das mesmas iguarias (o peixe galo, e o crepe de leite creme). Fiquei com pena de não ter feito o registo fotográfico, mas o facto de ter ido em trabalho, não mo permitiu….
Bom fim-de-semana João!
Babette
Babette, quando lá voltar tira umas belas fotos =). Bom final de semana.
Pois
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