Este artigo terá um lugar bem especial no meu mundo, neste novo mundo pós Covid-19. A última aventura, ou melhor, a última aventura em formato de viagem!
O Sri Lanka sempre foi um daqueles destinos de sonho. Fazia parte do meus planos de viagens à Ásia desde que me recordo (felizmente, desse plano já só falta: Camboja, Vietname, Laos, Myanmar, Japão, Filipinas… ok, vamos parar!).
Começamos a preparar esta viagem quase no final de 2019, numa altura em que estávamos a viajar por Paris e por Istambul (tenho esta mania doentia de preparar os próximos destinos ainda a fazer a viagem anterior!). E ponderávamos Março para a fazer, mas nessa altura já a clínica está com uma agenda incontrolável (sim, a nossa vida não é só viajar, temos uma clínica médica que nos dá tanto de amor quanto de trabalho árduo). Por isso, e ainda bem, decidimos viajar no final de Janeiro na altura do meu aniversário.
Em Março já o caos estava instalado no mundo inteiro… e o resto da história já todos sabem!
Mas, foquemo-nos no Sri Lanka e esqueçamos agora esta Pandemia que mudou as nossas vidas, estamos em 2022 e o mundo começa agora a dar sinais de um modesto regresso à normalidade – seria melhor se alguém não tivesse decidido iniciar agora uma guerra…
Breve História
A história do Sri Lanka conta com pelo menos 3000 anos, com evidências de assentamentos pré-históricos que remontam a 125 mil anos. A excelente localização geográfica e os seus portos fizeram do Sri Lanka um ponto estratégico importantíssimo desde a antiga Rota da Seda até à Segunda Guerra Mundial. Dizem os registos que no século VI a.C., o povo Cingalês (ou sinhala) migrou para a ilha vindos da índia. Antes disto a ilha teria sido ocupada por Malaios.
Vijaya terá sido o primeiro rei cingalês, em 543 a.C. e o primeiro reino do Sri Lanka terá tido a sua capital em Anuradhapura. Já no século III a.C., os cingaleses converteram-se ao Budismo e a ilha passou a ser um centro de estudos e de trabalho missionário budista. Esta conversão religiosa terá sido a principal causa de separação entre o Sri Lanka e a cultura do sul da Índia.
Anuradhapura permaneceu como capital do reino cingalês até o século VIII, quando foi substituída por Polonnaruwa.
Do sul da Índia chegaram à ilha os Tâmeis dando início a intensos conflitos com o povo cingalês a partir do século III. Durante boa parte do primeiro milénio, a ilha foi controlada por vários príncipes de origem Tâmil. Mas no século XII um dos mais importantes reis cingaleses, o Prakrama Bahu, derrotou os tâmeis, unificando a ilha sob o seu domínio.
No século XV, a ilha foi atacada pela China e, durante trinta anos, os reis locais prestaram tributo ao imperador chinês.
Também os portugueses, como sempre, tiveram um papel preponderante na criação e desenvolvimento deste país, e muita da nossa história ainda se sente nalgumas zonas do Sri Lanka bem como na sua língua.
Fomos os primeiros europeus a lá chegar, em 1505 e fundamos a cidade de Colombo em 1517, levamos connosco o Cristianismo mas a partir de 1600 acabamos por ser derrotados pelos holandeses que se uniram ao povo maioritariamente Budista que nos odiava! Entretanto quase já em 1800 os britânicos ocuparam o Sri Lanka e introduziram o cultivo do chá, do café e da borracha. Esta ocupação inglesa manteve-se até 1948, quando o Sri Lanka se tornou independente, deixando a sua marca no dia a dia do povo bem como na sua cultura.
Seguiu-se novamente uma Guerra Civil de 1983 a 2009 entre guerrilheiros Tâmil e o exército Cingalês.
Atualmente o país atravessa um bom período de desenvolvimento e paz (pelo menos até ser assolado com esta Pandemia).
Como chegar até ao Sri Lanka, o que é necessário levar na mala , e como se deslocar lá:
Para viajantes portugueses saibam que não há nenhuma vacina obrigatória, óbvio que já terem tomado a da Hepatite A, B, Raiva, Febre Tifóide e Encefalite Japonesa pode ser interessante. Nós já viajamos um pouco pela Ásia por isso já tínhamos a maioria. Para viajantes de locais com risco de transmissão de Febre Amarela é obrigatório a toma desta vacina.
Quanto à Malária, o risco de contrair é extremamente baixo.
Mas, aconselho a fazerem a Consulta do Viajante cerca de um mês e meio antes da viagem (procurem a Dra. Sandra Xará na Uffizi Clinic).
Não esquecer em caso algum:
- Repelente – para quem como nós fez Safaris e andou pelas plantações de chá, é de extrema importância o uso dele.
- Protetor Solar – usem e abusem mesmo que não andem pela praia, até porque o clima é bastante diferente do de Portugal!
Por falar em clima, o Sri Lanka tem dois tipos de monções, uma que atinge a região norte e o leste do país vindas do nordeste entre Outubro e Janeiro e outra vinda do sudoeste que atinge o país entre Maio e Agosto ao longo da costa sul e oeste.
Por isso, a melhor altura para viajar é de meio de Janeiro a meio de Abril.
Roupa/calçado:
Confortável e fresca. Não levem demasiada roupa, organizem-se por dias e repitam algumas peças conjugadas de forma diferente, é muito cansativo andarem com uma mala cheia de um lado para o outro – sim, porque se vão ao Sri Lanka não se fiquem só por uma zona.
Relativamente aos locais de visita no Sri Lanka, nomeadamente os templos, requerem uma roupa que respeite os costumes e tradições, ou seja, para poderem entrar nos locais religiosos têm que usar calças ou saias compridas, pelo menos que tapem os joelhos, e no caso dos homens calças ou calções também compridos. No que diz respeito às camisolas, estas devem tapar os ombros, e a barriga, quer nas mulheres quer nos homens.
Quanto ao calçado, o ideal é também ser confortável, ténis continuam a ser a opção mais adequada. Nos templos têm que se descalçar antes de entrar, por isso, nesses dias, usem algo mais prático, umas sandálias, havaianas, ou alpercatas, por exemplo.
Fármacos:
Protetores gástricos e fármacos para a diarreia. A gastronomia é bastante condimentada e picante, o que pode alterar toda a vossa função gastrointestinal.
Anti-histaminicos, anti-inflamatórios ou até um antibiótico de largo espectro (sim, sou um bocado paranóica, é o que faz ser profissional de saúde!).
E por fim, Guronsan e Chollagut – para curar as ressacas!
Primeiros socorros:
Não custa nada sermos prevenidos!
Levem curitas, para as bolhas que vão surgir por andarem muito, levem soro fisiológico, umas compressas e adesivo, assim, qualquer ferida pequena que façam, podem lavá-la e aplicar um pequeno penso.
Voos:
De Portugal voamos com a Qatar Airlines fazendo escala em Madrid e em Doha, chegando depois a Colombo, o voo levou cerca de 11 horas no total. Para viajantes do Brasil, a Emirates é uma das melhores opções, fazendo escala no Dubai. Mas de diferentes pontos do globo voam as mais variadas companhias para Colombo.
Não se esqueçam – passaporte com validade de 6 meses.
O Visto podem pedi-lo online no site www.eta.gov.lk , na altura em que fomos o país estava a oferecer gratuitamente o visto no sentido de promover o turismo.
Transportes no Sri Lanka:
Façam um favor a vós próprios e contratem um motorista!
O Sri Lanka não é grande, mas tudo fica imensamente longe quando as estradas são uma lástima! Um trajeto que facilmente demoraria 30min passa a demorar 3 horas ou mais!
Contratamos o Mr. Parveen Mendis (sim, tem origem no nome português Mendes) que foi incrível. Tem uma espécie de empresa com vários motoristas/guias e uma pequena frota de carros – www.tourguideinsrilanka.com . O Parveen é também guia turístico e ajudou-nos a organizar e estruturar toda a nossa viagem. Andou connosco os 10 dias e ficava a dormir nos alojamentos próprios para motoristas próximo dos hotéis onde ficávamos hospedados. Ajudou-nos a fazer e vivenciar em viagem o que fazia sentido e desmistificou o que não fazia. Fez connosco a maioria dos trajetos mais aventureiros para que nós fossemos com mais segurança e para que pudéssemos perceber os detalhes que só os locais conhecem.
Na altura pagamos um total de 500€ pelos 10 dias de viagem, o que fazendo bem as contas foi super acessível, tendo em conta que incluía o carro, a gasolina gasta, e todo o acompanhamento. Andou connosco desde o momento em que aterramos em Colombo até ao momento em que nos despedimos do Sri Lanka.
Mas vamos agora ao que interessa: o que visitar no Sri Lanka?
Fomos apenas 10 dias, muitos mais precisaríamos para ver tudo o que queríamos. Os nosso amigos Eshan e Anika que conhecemos em 2018 na África do Sul são do Sri Lanka e já nos disseram: “têm que voltar, ficou tanto por ver e fazer!”
Voltaremos certamente! Mas agora leiam o nosso próximo artigo e vejam de que forma organizamos os nossos 10 dias pelo Sri Lanka.