Localizada na Suíça Central, o centro geográfico e histórico do país, Lucerna é uma daquelas cidades que poderia facilmente ter sido idealizada para um verdadeiro conto de fadas.
É a maior cidade da Suíça Central e situa-se na margem oeste do Lago homónimo.
Tem as suas origens numa aldeia piscatória, mas desde 1220 que protagoniza um papel importante a nível económico e comercial com a abertura do Desfiladeiro de Gotthard.
A religião predominante é o Catolicismo, marcada pela sua história na liderança da resistência católica durante o período da Reforma. Atualmente, e já desde o século XIX, que o turismo se tornou na sua principal atividade económica.
Um dos muitos motivos que leva milhões de turistas a Lucerna é o Festival de Música Clássica.
Lucerna é uma daquelas cidades que se percorre facilmente a pé, podendo quase explorar-se toda a cidade em apenas um dia. Dois dias bem aproveitados são o suficiente, três a quatro dias se quiserem explorar outras pequenas cidades à volta do Lago de Lucerna.
Para se situarem, a cidade é dividida em norte e sul pelo Rio Reuss.
Na margem norte fica a Cidade Velha medieval, e na margem sul a estação de comboios, por onde provavelmente irão chegar a Lucerna.
Focando-nos neste último ponto, como chegar a Lucerna?
Voar para Zurique e depois ir de comboio até Lucerna. Este será o caminho mais simples e rápido.
As viagens de comboio deverão ser compradas com alguma antecedência (ver), e prepararem-se porque são bem caras!
Para os que pretendem visitar várias cidades suíças, uma das opções é voar para Zurique ou Genebra (depende por onde se quer iniciar a viagem) e alugar carro, ou moverem-se de comboio.
O que fazer em Lucerne?
Há locais imperdíveis em Lucerna e, quer queiramos quer não, vamos ter sempre que aceitar que vai haver turistas espalhados por esses locais ditos ex-libris. Afinal, nós somos o quê? Turistas também! Não vale a pena lutar contra isso! Explorar locais menos comuns, menos visitados, sim! Mas os mais visitados tem que ser explorados na mesma, ou não seriam eles “os mais visitados”! Certo?
A visitar
Na margem Sul
Mesmo ao lado da estação de comboios ergue-se um imponente edifício moderno todo em vidro. Estão perante o KKL ou Kultur-und Kongresszentrum Luzern, que é como quem diz, Centro de Congressos e Cultura de Lucerna.
Aqui podem encontrar, além de salas de conferências e espetáculos, o Kunstmuseum com pinturas suíças desde o século XVIII ao século XX, assim como exposições temporárias que vão variando.
A cerca de 400m para a esquerda (virados para o Rio Reuss) e se quiserem manter o ambiente de Arte, encontram a Coleção Rosengart, onde, entre as muitas obras reunidas pelos negociantes de arte Siegfried e a sua filha, tem também obras de Picasso, Cézanne e Monet.
Mas deixemo-nos de museus e vamos descobrir outro tipo de arte, num estilo muito específico, a arte sacra.
Igreja Jesuíta de São Francisco Xavier
Ainda a sul do rio, temos dois símbolos da religião, a Igreja Jesuíta de São Francisco Xavier, do século XVII, cujas imponentes cúpulas bulbosas só foram construídas já no século XIX. O interior é barroco e no teto pode observar-se a apoteose de São Francisco Xavier.
Muito próximo encontra-se a Franziskanerkirche, uma igreja franciscana mais antiga, já do século XIII, construída inicialmente em estilo gótico mas alterada ao longo dos séculos para pormenores barrocos e renascentistas.
Ainda do lado sul encontram o Museu de História de Lucerna num edifício renascentista, onde se localizou em tempos o antigo arsenal, e onde podem encontrar toda a história da cidade. Adjacente a este edifício têm uma opção ótima para quem viaja em família e com crianças, o Museu de História Natural com destaque para a Zoologia, Paleontologia e a Geologia.
Na margem Norte
Ao passarmos para o lado norte da cidade, vamos conhecer dois dos seus ex-libris, a SpreurerBrücke e a KapellBrücke, as pontes mais emblemáticas de Lucerna.
A primeira, a ponte de madeira mais antiga da Europa, data do século XIV, e atravessa o rio em ângulo oblíquo. Foi outrora parte das fortificações da cidade. A meio a ponte está ligada à Wasserturm, uma torre octogonal que já serviu de farol, de prisão e de tesouraria!
Ao caminharem ao longo da torre observem o seu teto, vão encontrar pinturas sobre a história da cidade, assim como da vida de São Leodegário e São Maurício (mártires que se tornaram padroeiros). Algumas estão bastante desgastadas, e alguns dos painéis já nem contêm pinturas pois muitas foram destruídas no incêndio de 1993.
A SpreurerBrücke, também de madeira, é um pouco mais recente, do início do século XV, e percorrê-la é também observar o seu telhado forrado com painéis de Kaspar Meglinger que retratam a Dança da Morte culminando no triunfo de Cristo (no sentido Norte-Sul).
Mas, foquemo-nos agora na zona norte da cidade e principalmente na Cidade Velha!
Esta foi a minha zona preferida de toda a viagem, como ficamos no Hotel des Balances estávamos mesmo na cidade velha, e de cada vez que saíamos do hotel e a percorríamos a pé descobríamos um detalhe novo, uma ruela para explorar, e uma nova história!
A Cidade Velha conseguiu chegar aos nossos dias bastante preservada e real. As fachadas dos edifícios históricos estão pintadas com frescos e protagonizam belíssimos momentos de espanto a quem as observa. O bairro histórico de Lucerna é um local vibrante repleto de lojas, restaurantes e cafés.
É um local onde podemos sentir verdadeiramente a vida dos seus habitantes, e a essência da cidade.
Uma das praças mais bonitas é a Weinmarkt, a antiga praça onde se vendia vinho, que é constituída por várias casas encantadoras, na sua grande maioria antigos grémios. Outra das praças mais interessantes é a Kapell-Platz que se torna ainda mais vibrante nos dias de mercado. O seu nome deve-se à Peterskapelle, uma capela construída no local de uma igreja do século XII.
Mas a beleza de Lucerna é precisamente percorrê-la a pé, sem pressas, sem procurar algo concreto, deixem-se levar apenas pela vossa curiosidade e deslumbrem-se a cada ruela, a cada detalhe e a cada encanto deste pequena cidade medieval.
Acima da Cidade Velha está a imponente Museggmauer, a bem preservada secção norte da muralha medieval que percorre cerca de 850m desde a margem norte do Rio Reuss até à margem norte do lago de lucerna. A muralha tem nove Torres, mas apenas três estão abertas ao público, e somente no verão.
A noroeste da cidade velha também há alguns pontos de destaque, o Bourbaki Panorama, um dos poucos panoramas restantes no mundo que retrata a marcha do exército francês contra a Suíça às ordens do general Bourbaki durante a guerra Franco-Prussiana; o Richard Wagner Museum – o compositor viveu em lucerna durante um período de tempo onde compôs algumas das suas obras; e por fim, o emblemático Löwendenkmal, uma figura enorme de um leão moribundo trespassado por uma lança que pretende homenagear os Guardas Suíços de Luís XIV de França.
Estes defenderam o Palais des Tuilerries em 1792 quando este foi atacado por revolucionários. Este leão esculpido, numa escarpa de arenito sobre as águas dum pequeno lago, emana drama! (Bem mais interessante que o Manneken Pis de Bruxelas!)
Para que visitar a cidade com mais tempo, um dos locais a não perder é o Museu Suíço do Transporte. É uma excelente opção para viagens de família.
Infelizmente Não tivemos tempo suficiente na cidade para o ir conhecer.
Outras das opções para quem vai com tempo é visitar outras cidades à volta do Lago de Lucerna.
Mas para quem, como nos, apenas vai por dois dias, o ideia é percorrer a cidade sem compromisso e sem pressas e ir absorvendo o que de melhor Lucerna tem, que é a sua autenticidade, a sua beleza medieval, a sua história, e a beleza natural.
Acordar de manhã e poder ver o sol a refletir no Lago de Lucerne, enquanto rivaliza com o branco da neve sobre os Alpes é um privilégio inesquecível.
Até breve Lucerna!
Onde Ficar
Hotel Des Balances
Fotos: Flavors & Senses