Arola

Para encerrar uma estadia imersa no luxo relaxante  do Penha Longa Resort (ver), escolhemos o Arola para um almoço em família, onde o campo de golfe e a serra de Sintra criam um cenário idílico. Sergi Arola, o chef catalão, eterno enfant terrible da gastronomia espanhola assina no Penha Longa dois espaços, o estrelado Lab By Sergi Arola que visitamos há uns anos e o informal Arola, onde se promete combinar os sabores de conforto e partilha com algum twist criativo, reflexo da assinatura inconfundível do Chef.

Essa personalidade e espírito criativo de Sergi Arola, reflete-se também no espaço, onde o branco e uma paleta de tons neutros se encontram com o metal e as amplas janelas. Janelas essas que são como molduras que capturam a natureza viva ao seu redor, fazendo-nos sentir parte da paisagem, com o campo de golfe ao longe e a serra de Sintra a abraçar o horizonte. Sob o comando do chef residente Vladimir Veiga, que acumula a função com o Lab, a experiência ganha vida em pratos pensados para partilhar, com ecos das tradições mediterrâneas e interpretações modernas.

A experiência

Já instalados fomos particularmente bem guidados pela equipa, revelou não apenas um domínio sobre o menu, mas também atenção especial à Francisca, tornando a experiência ainda mais íntima.

Menu lido e escolhas feitas, optamos pelo menu de degustação, com alguns extras que não pudemos resistir.

Pão Cristal e Tomate
Pão Cristal e Tomate

Como não poderia deixar de ser, a jornada começou com o tradicional Pão cristal e tomate — um tributo simples, mas cheio de memória às raízes catalãs. Em seguida, vieram as icónicas batatas bravas, com dupla cozedura, recheadas pelo molho bravo e cobertas com aioli, um clássico que não perde o brilho com o tempo. Uma daquelas tapas às quais é sempre bom voltar e que aqui foram executadas com precisão. Ao seu lado, uns não menos impressionantes  bonuelos de bacalhau. Uma espécie de patanisca em que o bacalhau de meia cura é envolto numa tempura delicada de alho e acompanhados por maionese de limão. Com boa fritura, destacaram-se pela textura leve e sabor viciante.

Batatas Bravas e Bonuelos de Bacalhau
Croquetas e Salada de Camarão

Seguiram-se as Croquetas de caça com maionese de trufa, que cumpriram com o que se esperava delas, untuosas e ricas, infelizmente com aquele toque artificial de trufa que parece agradar a meio mundo, e uma inesperadamente deliciosa Salada de camarão, espinafres, vinagrete de yuzu, parmesão e chips de mandioca. Ao ler o menu dava pouco por ela, mas a verdade é que foi um dos melhores momentos da refeição.

Burrata

Com o próximo prato, a narrativa muda de tom, e viaja até Itália num conjunto mais modesto que nos traz Burrata com cereja, tomate e azeitona. Um prato que apesar de correto, ficou aquém do brilho dos outros pratos.

Arroz do Mar

Se as Tapas abriram o apetite para uma certa fusão, o primeiro prato principal trouxe a pureza do conforto, com o Arroz do Mar, muito bem executado ao estilo Espanhol, a  elevar a proposta a um novo patamar, como capítulos de um livro que não queremos largar.

E então, numa espécie de clímax inesperado, surge uma das melhores pastas que provamos este ano, o Rigatoni com trompetas, chalotas, pancetta e parmigiano reggiano.  Rico de sabor, indulgente na untiosidade e contraste de texturas que não nos permitia parar de comer… e a refeição já ia longa!

Rigatoni

A experiência, que se foi construindo de forma sólida e em parte surpreendente (as expectativas não seriam as maiores, faço mea culpa), culminou no capítulo doceiro com um equilibrio delicado entre criatividade e subtileza, com uma Pavlova de citrinos e uma Copa Catalana.

Pavlova de Citrinos

A primeira, servida como um mix de citrinos servidos com merengue e curd de limão, para um final mais leve e fresco. A segunda num conjunto mais complexo onde a panna cotta de bolacha maria é igualmente refrescada pelo sorvete de tangerina e a espuma de citrinos. Ambas  os excessos de açúcar, que tantas vezes prejudica o final de uma refeição.

Ao longo de toda a refeição é impossível não admirar a forma como a equipa equilibrou o lado casual com uma certa sofisticação e, claro, a atenção ao cliente, fazendo com que todos se sentissem em casa.

Copa Catalana
Copa Catalana

Conclusão

Sergi Arola é uma figura emblemática da alta gastronomia mundial, tendo conquistado fama nos anos 2000 com os seus restaurantes em Madrid e Barcelona. Aluno de mestres como Ferran Adrià e Pierre Gagnaire, Arola construiu um estilo próprio que alia técnica e ousadia, sempre com uma abordagem leve e festiva. São essas as características que pautam os seus dois restaurantes no Penha Longa Resort.

Neste  Arola, Sergi Arola oferece uma dança entre sofisticação e casualidade, entre a nostalgia das tapas e a ousadia das criações modernas. É um espaço que celebra o prazer descomplicado da partilha, onde cada prato conta uma história e uma inflûencia da sua tradição. Desde as tapas mais originais aos pratos de substância, o Arola é um convite a saborear a essência da partilha, num espaço que, apesar de descontraído, não abdica da excelência. Ideal para quem procura um equilíbrio entre o luxo do Penha Longa e a leveza de uma refeição feita para desfrutar sem pressa, com uma das melhores vistas sobre o campo de Golf.

A visitar, por hóspedes e não só!

 

Arola
Fotos: Flavors & Senses
Textos: João Oliveira
Versão Inglês
No Comments Yet

Leave a Reply

Your email address will not be published.