Em Paris é impossível resistir às padarias e pastelarias, dos melhores pães artesanais às mais bonitas e complexas criações em forma de doce. São dezenas de lojas e um par de mãos de mestres pasteleiros que fazem vibrar a cidade, com cada pessoa a ter o seu pasteleiro preferido ou, como no meu caso, ter uma série de sobremesas preferidas em cada loja da cidade. Um desses mestres pasteleiros é Christophe Adam, um génio que ingressou pela pastelaria aos 16 anos, tendo passado pelas cozinhas de alguns 3 estrelas Michelin, até entrar na Fauchon aquando da saída de Pierre Hermé (ver).
Com o sucesso da internacionalização da Fauchon, Adam foi editando livros e ganhando fama entre os melhores Pasteleiros de Paris, abrindo alguns anos depois a sua própria pastelaria, Adam’s. Mais recentemente, e seguindo a receita de um dos maiores sucessos da Fauchon, Christophe Adam decidiu transformar o universo de um dos doces mais clássicos da doçaria francesa, o éclair.
E o sucesso não se fez esperar, tendo já 5 lojas em Paris e duas no Japão. O conceito, aparentemente simples, consiste na criação de uma colecção de éclairs que muda consoante a sazonalidade dos ingredientes e pode ir do “simples” éclair de chocolate (64%) ao mais complexo nougat ou mascarpone com cassis. Todas as semanas é lançada uma novidade e a lista de éclairs vai mudando de forma a nos manter atentos a todas as alterações e desejosos de os provar ou ver o nosso preferido de novo em produção.
Os preços variam entre 4,5€ e os 7€ como na maioria das principais pastelarias da cidade, e cada éclair é visualmente sinónimo de uma obra de arte que não apetece tocar (mentira, mas fica bem)!
Mas a questão que se põe é se estes éclairs realmente vivem para além do Hype e do Buzz criados à sua volta? Na realidade e tendo sempre em conta que a minha exigência para éclairs é alta ( sou do tempo em que Jacques Genin produzia diariamente o melhor éclair da cidade – ver), os éclairs de Christophe Adam roçam a pornografia, desde o aspecto exterior, à massa choux preparada e cozinhada de forma irrepreensível, aos recheios, que conseguem satisfazer o mais esquisito ou exigente com toda a sua abrangente oferta.
Nesta última visita ficamos pelo clássico Yuzu e o Choco-coco, numa combinação de chocolate e coco.
O éclair de yuzu transporta-nos para a clássica tarte de limão, tão famosa em Paris, com pequenos pedaços de merengue e da massa que normalmente lhes serve de base, fantástico ainda o recheio, com excelente curd, com a doçura e acidez num balanço perfeito.
A combinação do Chocolate com o Coco traz memórias dos pequenos chocolates Bounty, num conjunto bem melhorado, doce, sem se tornar enjoativo, como acontece tantas vezes nesta conjugação. Muito Bom.
Mas não se enganem, o L’éclair de Génie vai além de uma imagem cuidada e saborosos éclairs, pois há também chocolates, cremes para barrar que vos farão esquecer a Nutella e claro, os fantásticos livros de Adam que tornam mais “fácil” o sonho de nos tornarmos verdadeiros pasteleiros em casa.
L’Éclair de Génie – Paris