Bali – A Ilha dos Deuses

Bali é uma das milhares de ilhas que constituem a Indonésia e provavelmente a mais visitada, a mais mediática, e a mais tradicional do país. É também a única onde impera a religião Hindu (uma vez que a restante crença do país é maioritariamente Muçulmana) e onde podemos viver de perto a espiritualidade na sua mais pura essência.

Óbvio que qualquer pessoa que tenha assistido ao filme Eat, Pray, Love tem o sonho de visitar Bali, mas há quem diga que esta ilha, apelidada de Ilha dos Deuses, era bem mais interessante antes do famoso filme!

Se era ou não, não sei, mas que esta ilha é bem divina, isso eu posso garantir-vos, sem a mais pequena dúvida!

Palácio de Ubud

Um pouco de História

A origem da palavra Bali tem a sua ligação à espiritualidade, a ilha terá sido baptizada com esse nome no século IX, que deriva de Wali. Este era o termo com o qual os nativos, que muito veneravam os seus deuses, chamavam o ato de adoração. Ou seja, Wali significa sacrifício oferecido ao deus, adoração, culto ou oferenda.

Bali terá sido povoado antes da Idade do Bronze, por volta de 3000 a.C., mas as inscrições em pedra datadas do século IX são os registos humanos mais antigos já encontrados na ilha.

A cultura de Bali sempre foi o cultivo de arroz e os rituais.

Quando comerciantes indianos se perderam no Oceano Índico e chegaram à ilha introduziram o hinduísmo em Bali, Java, e outras ilhas da região da Indonésia.

 Campos de Arroz em Tegalalang

Já no século XI na Ilha de Java, os habitantes lutaram para recuperar o seu reino perdido para o Rei Airlanga. Durante a luta, a mãe do rei fugiu para Bali, levando para lá o idioma de Java, chamado kavi. O kavi era usado em Bali pela realeza. A prova do uso desse idioma são as rochas talhadas encontradas no majestoso templo Gunung Kawi em Ubud.

Após o século XIII várias dinastias de Java governaram Bali.

Em 1478 o islamismo chegou a Java. Mas os habitantes resistiram a mudar as suas crenças, e grande parte deles acabou por se refugiar em Bali.

No entanto, terão sido os portugueses (sim, nós, que já dominamos quase o mundo todo!) os primeiros que aí se estabeleceram, quando, em 1585, um navio português naufragou na costa de Bukit e estes entraram ao serviço da realeza local de Bali, os Dewa Agung.

Entretanto, volvidos 12 anos o reino passou de Portugal para o domínio Holandês. Nessa altura estabeleceram para tal um importante entreposto da Companhia Holandesa das Índias Orientais entretanto criada, e os balineses foram obrigados a trabalhar nas plantações.

Atualmente Bali pertence à Indonésia, que é independente desde a Segunda Guerra Mundial.

Tem uma localização geográfica de grande valor, sendo uma região de importância para o comércio desde sempre, a sua história foi influenciada por várias culturas, costumes e religiões mas foi a Hindu que prevaleceu, e isso é notório no seu ambiente espiritual e sereno.

No entanto, é uma zona que não só está sujeita a uma série de catástrofes naturais, como sismos, tsunamis e atividade vulcânica devido à sua localização em cima de três placas tectónicas, como atentados terroristas, como o de 2002 que dizimou a vida de 180 pessoas.

O que levar na Mala para Bali

Vestuário: confortável e fresco são as palavras de ordem! O calor e a humidade sentem-se de uma forma alucinante durante todo o ano! Na época de chuvas (entre outubro e Março) levem uma capa de chuva – nós fomos em Fevereiro e apesar de não termos apanhado muita chuva, deu bastante jeito numa das tardes.

Nos templos o ideal, no caso das senhoras, é levarem uma saia comprida, ou calças, por uma questão de respeito, podem sempre fazer como eu e comprar os lindíssimos Sarong (vestuário tradicional Balinês). Mesmo que cheguem a um templo sem esse tipo de roupa, não se preocupem, à entrada alguém vos facultará o acessório necessário para que possam entrar.

Fármacos: protetor gástrico, antidiarreico, anti-inflamatório, analgésico, anti-histamínico, antiespasmódico para as dores de estômago, e antibiótico de largo espectro, como por exemplo o Clavamox. Não esquecendo, claro, o nosso amigo, Gurosan! Esta medicação pode vir a ser importante pois a gastronomia é bastante diferente da europeia, mais condimentada e com outros ingredientes, que apesar de até podermos apreciar bastante, nem sempre reagimos bem a eles, principalmente se for a primeira viagem por terras asiáticas!

Primeiros Socorros: Levem curitas, para as bolhas que vão surgir por andarem muito, levem soro fisiológico, umas compressas e adesivo, assim, qualquer ferida pequena que façam, podem lavá-la e aplicar um pequeno penso.

Essenciais: repelente e protetor solar.

O que precisam saber para viajar para Bali

Língua Oficial: Balinês (percebem relativamente bem o inglês)

Moeda: Rupia Indonésia – 1€ = 14 810,42 IDR (tive vários milhões nas mãos pela primeira vez na vida, e última, muito provavelmente!)

Clima: bastante quente durante todo o ano (25 a 35 ºC, as épocas mais chuvosas são de Outubro a Março – fomos em final de Fevereiro e correu bem, apanhamos chuva numa das tardes).

Vacinas: tomamos a da Hepatite A (Para Portugueses)

Passaporte: Como é habitual é obrigatória a apresentação de um passaporte com validade de 6 meses.

Visto: não necessitamos de visto (Portugal), a não ser que pretendam ficar no país por mais de 90 dias. À chegada ao aeroporto há um balcão que vos informará se precisam pagar visto de acordo com a vossa nacionalidade.

Como chegar: Voamos, como já é habitual, com a Emirates – Porto-Lisboa (TAP); Lisboa-Dubai; Dubai-Singapura (Aeroporto Changi) – num total de cerca de 17h de voo ao todo, fora as escalas. Passamos quatro dias em Singapura e depois voamos para o aeroporto Ngurah Rai na cidade de Denpasar em Bali que demorou cerca de 2h e foi realizado com a companhia aérea AirAsia.

É fácil encontrar viagens a partir de qualquer grande cidade, uma vez que todas as grandes companhias voam para Bali, ou têm escalas que nos levam facilmente até Denpasar.
A Partir do Brasil é fácil conseguir voos com a Emirates, a United e a Etihad.

Fuso Horário: + 8h (relativamente a Portugal)

Transportes: Os táxis não são caros e levam-nos a todo o lado basicamente, mas raramente têm taxímetro! Negoceiem os preços! Aliás, tudo se negoceia em Bali! As estradas são muito rudimentares e o próximo transforma-se no longe muito facilmente. A melhor opção que encontramos foram os serviços de motorista privativo, bons preços e que nos levam a todo o lado.

O aluguer de uma motorizada é uma das melhores opções para se deslocarem na ilha, embora no nosso caso tenhamos optado por andar sempre com motorista/guia uma vez que não tínhamos muito tempo para explorar a ilha por nossa conta.

No que diz respeito a guias e motoristas, existem centenas de empresas e guias com planos de visita já traçados ou criados à nossa medida de forma a visitarmos apenas o que pretendemos (foi a nossa opção). Acabamos por pagar 500k IDR por cerca de 6 horas de visita. Um dia inteiro (cerca de 10 horas) andará em torno dos 700k IDR, dependendo da empresa.

Existe ainda a possibilidade de se usar a Uber em vários pontos da ilha, especialmente em Seminyak, Denpasar e Ubud, mas existe uma grande hostilidade por parte dos taxistas pelo que é necessário usar a aplicação com cautela.

Religião: maioritariamente Hinduísmo.

Regras: a mais importante a ter em conta é que em Bali o tráfico de droga é punido com pena de morte.

Curiosidades

Conhecer Bali é viver tradições e costumes milenares, é observar uma cultura única que se mantém imutável apesar da loucura do entra e sai de milhares de turistas.

É o local onde sentimos a espiritualidade a tomar conta de nós e onde o contacto com a natureza é elevado ao seu expoente máximo.

O povo balinês é um povo simpático e meigo (menos na hora de negociar ou de nos impingir algo!) e que preza os seus costumes acima de tudo.

Há tradições neste povo que merecem destaque:
– Religião: são extremamente religiosos e acreditam na magia e no poder dos espíritos. O Hinduísmo aqui praticado é um pouco diferente do da Índia. Parece existir uma fusão anterior do Hinduísmo com o Budismo. Os Balineses veneram a Trindade Tradicional Hinduista – Brahma (criador do universo que representa a mente cósmica), Shiva (o poder da destruição ou transformação) e Vishnu (poder da manutenção do universo). No entanto, para os Balineses o Deus de todos os Deuses é o Sang Hyang Widhi Wasa.

O que significa que o Brahma é a sua dimensão como criador, Vishnu como zelador e Shiva como destruidor!

No Hinduismo Balinês o objetivo é buscar harmonia e equilíbrio entre a ordem e a desordem do cosmo.

Oferendas: preparem-se para ver oferendas aos deuses por todo o lado! Para este povo existem espíritos do bem e do mal, e ambos têm que ter a sua atenção. Assim, diariamente são preparados os Canang Saris, pequenas cestas feitas de folha de palmeira e recheadas com flores, arroz, fruta, incenso e moedas. As oferendas colocadas em sítios altos são para os espíritos do bem, as colocadas no chão são para os espíritos do mal, para acalmá-los (O cheirinho a incenso é algo mágico e presente por toda a ilha).

Esta é a razão pela qual este povo gosta de morar no alto, nas montanhas, pois este será o lugar mais puro e mais próximo dos deuses. O mar, por sua vez, é o local de onde provêm os espíritos maus, razão pela qual os surfistas são vistos como seres muito corajosos em Bali.

Comemorações: o povo Balinês celebra tudo, a vida e a morte essencialmente. As celebrações começam logo no nascimento, e prolongam-se ao longo da vida do ser humano. Mas a que mais me fascinou foi a celebração da morte, porque para os balineses, este é um dos dias mais felizes da sua vida. Quando o morto é cremado a sua alma é libertada e prossegue a sua viagem para o céu. Para eles a morte é apenas o começo de um mundo diferente. Assim, quando alguém morre é feita uma grande festa, com uma torre de cremação, e o povo realiza danças e peças de teatro, onde todos estão presentes e todos homenageiam e celebram a vida daquela pessoa.

Era tão mais simples se fosse assim em todo o lado, independentemente da religião! Não acham?

Preparem-se para ver celebrações por toda a ilha, para eles há sempre algo para agradecer, nem que seja mais um dia de vida!

Bali é cheio de costumes, tradições e culturas que nos são estranhas mas que não nos são indiferentes.
Passear nas ruas do centro de Bali, Ubud, é uma aventura, tamanha é a azáfama de locais vestidos com os seus Sarongs lindíssimos e turistas que quase se atropelam. Podia ser menos turística, podia, mas deixemo-nos de preciosismos, todos têm o direito de conhecer e experienciar o que de melhor há no mundo, e Bali é um desses lugares.

A natureza e a espiritualidade apresentam-se numa conjugação divina. Os templos rivalizam com os campos de arroz enquanto os vulcões mostram a sua imponência.

Em todo lado que passem alguém vos vai tentar vender alguma coisa! E vão ser persistentes, muito persistentes mesmo! Dá para fazer excelentes negócios no Mercado de Ubud, se souberem regatear preços (o que não é o meu caso!).

BanyantreeU - 27

A nossa experiência por Bali durou 5 dias, foi pequena, mas imensamente rica. Esta dividiu-se em diferentes zonas, Ungasan (próximo da famosa região de Uluwatu), Ubud (o coração espiritual da Ilha) e Seminyak (a clássica zona de praia cheia de animação noturna).

Onde Ficar
Banyan Tree Ungasan
Peppers Seminyak
Bisma Eight

 English Version

Fotos: Flavors & Senses

Nota
Flavors & Senses em Bali com o apoio da Samsonite.

Este Artigo é o 1º de 2 artigos para o nosso Guia de Bali

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