Decorreu no passado final de semana de 1 e 2 de Dezembro, no idílico hotel The Yeatman, aquele que já pode ser considerado o melhor evento vínico da região Norte do País, podendo facilmente arriscar-me a ir mais além. O evento juntou mais de 120 vinhos nacionais dos mais diversos produtores e regiões, criteriosamente escolhidos por Beatriz Machado, Directora de Vinhos do Hotel.
Começando pelo espaço, já existe pouco a dizer sobre o The Yeatman, um sem numero de prémios, a melhor vista da cidade, uma estrela Michelin, ótimo serviço, e uma excelente decoração entre o clássico e o minimal que ajudou a tornar este evento ainda mais interessante e acolhedor. A entrada de 20 ou 30 euros, dependendo da data de compra, permitia ao visitante a participação no evento, com direito a provar todos os vinhos e também a um desconto de 10% na compra dos vinhos em prova, uma vez que aconteceu em simultâneo o lançamento do clube Yeatman, o site de compras online do Hotel.
A escolha dos produtores, recai essencialmente em pequenos e médios produtores que criam o seu mercado em torno de um nicho, mais interessado e envolvido no universo do vinho, entre eles, clássicos como a Adega da Cartuxa, Palácio da Brejoeira ou Mouchão, às revelações dos últimos anos como a Quinta do Soalheiro e a jovens produtores como a IrMãos.
Pegando neste último, após uma pequena troca de palavras com um dos sócios, fiquei agradado com o projeto, com a localização em pleno Douro e claro, com o vinho branco de 2010, infelizmente não faltarão oportunidades para conhecer o tinto que apresentavam com monocasta de Tinta Roriz. Uma Casa que certamente iremos ouvir falar num futuro próximo.
O produtor Luís Cerdeira da Quinta do Solheiro
Quem segue o blog, nomeadamente os artigos sobre restaurantes, sabe da minha adoração por este vinho, em particular, o Primeiras Vinhas, que ano após ano consegue ser um dos melhores vinhos feitos no nosso País, um feito único para vinhos verdes. Infelizmente temos de esperar até Maio para conhecer o novo Primeiras Vinhas. Assim, o destaque foi para o novo alvarinho de 2012, engarrafado em Novembro, um vinho com aromas a fruta tropical e um pouco de citrinos, mais uma magnifica edição deste clássico Alvarinho.
Outra casa que me revelou particular interesse, foi a Quinta do Ameal, pela presença do produtor e claro pelos vinhos que tenho acompanhado nos últimos tempos, uma quinta de grande dedicação à casta Loureiro. Felizmente houve tempo e vontade por parte de Pedro Araújo para uma apresentação mais exaustiva dos seus produtos, o clássico Loureiro e o Escolha. Mas o destaque desta prova foi claramente para um Loureiro que julgo ser de 2001, que mantinha toda a força, frescura e jovialidade apesar dos seus 11 anos, e para um vinho doce, Quinta do Ameal Special Harvest, um vinho raro, com uma produção de 600 garrafas (37cl), com um sabor fantástico a passas e mel.
Pedro Araújo da Quinta do Ameal
Outro destaque nos brancos vai para o Pêra-Manca da Adega da Cartuxa, um vinho exemplar, concentrado e de aromas complexos. No entanto não deixa de ser um rótulo do qual se espera sempre mais. Já nos tintos o Scala Coeli 2009, este ano com monocasta de Touriga Franca, é um vinho exuberante, cheio de aromas doces e florais e um fantástico sabor. Outros destaques vão para o Colheitas Antigas 2002 da Mouchão, um vinho relançado agora depois de guardado e envelhecido na herdade, uma iniciativa e um vinho de excelência. Um Vinho de aromas maduros e um final de boca longo, longo…
Também os vinhos de José Bento dos Santos e a sua Quinta do Monte d’Oiro, se mostram em grande forma, nomeadamente o Ex Aequo. No Douro também os exemplares da Quinta do Crasto agradaram bastante assim como o Quinta do Noval 2008.
Um das apostas do evento foram também espumantes com a presença dos mais emblemáticos produtos nacionais, Murganheira, Raposeira, São Domingos, Casa Ermelinda Freitas, Filipe Pato e Wijion sem esquecer o Soalheiro. E claro, num evento realizado num hotel vínico no Porto, não poderia faltar o vinho que identifica a cidade. Entre os Portos, era possível provar os mais variados Vintages de vários produtores e anos, tawnys de 30 e 40 anos e um colheita de 1969 da Graham’s, simplesmente fantástico.
Ficaram ainda por provar imensos vinhos e por conhecer vários produtores, mas infelizmente o nosso tempo foi curto para tanta e tão boa oferta. Este Christmas Wine Experience, tornou-se neste seu 2º ano um evento sólido, a figurar na lista de eventos de qualquer interessado na área e que deixa vontade de que passem a criar um Wine Experience para cada época ou festa do ano. Um evento fantástico.
Aliado ainda ao evento existia ainda a hipótese de almoçar ou jantar (25€), pequenos pratos da autoria do estrelado Ricardo Costa na companhia de muitos dos vinhos do evento. Mas sobre isto escreverei num próximo post (ver aqui).