Um dia em Kuala Lumpur

Depois de uma viagem memorável pela exímia Singapura e pelo espiritual Bali, e antes de regressar a casa, eis que fazemos uma breve paragem na capital da Malásia, Kuala Lumpur.

Esta cidade é a maior da Malásia, sendo o centro cultural e económico do país, e é onde se situa a residência oficial do Rei, o Palácio Istana Negara.

História
Kuala Lumpur parece ter a sua origem no ano de 1850 quando o chefe malaio de Kelang, Raja Abdullah, contratou trabalhadores para abrirem minas de estanho.

Estes fizeram-no na confluência de Sungai Gombak (ou Sungai Lumpur – que significa rio enlameado) e Sungai Klang. Kuala Lumpur significa, então, “confluência enlameada”.

A Malásia foi colónia inglesa durante cerca de um século, já esteve sob o domínio japonês, já se preocupou com o comunismo, mas desde 1957 que é independente, e Kuala Lumpur é a sua capital desde 1963.

Kuala Lumpur é formada pela mistura de diferentes culturas. Diferente da restante Malásia, onde o povo malaio compreende a maioria étnica, a maior parte dos habitantes de Kuala Lumpur são malaio-chineses. Há também malaio-indianos, europeus, asiáticos e outras raças indígenas.

A administração está a cargo da Câmara Municipal, que por sua vez responde ao Ministério Federal da Malásia.

– Língua Oficial: O malaio é o idioma oficial, no entanto, o inglês é muito falado.

– Religião: O Islamismo é a religião mais praticada, no entanto, há outras religiões como Budismo, Cristianismo e Hinduísmo.

– Moeda: Ringgit Malaio (MYR) – 1€ = 4,44305 MYR

– Clima: Quente e húmido durante todo o ano, com chuvas que podem ir de Março a Maio e de Setembro a Novembro. Estivemos no início de Março e o clima estava perfeito, quente e sem chuva!

– Vacinas: não são necessárias (para portugueses).

– Passaporte: Como é habitual é obrigatória a apresentação de um passaporte com validade de 6 meses.

– Visto: não necessitamos de visto (Portugal), a não ser que pretendam ficar no país por mais de 90 dias.

– Como chegar: Voamos, como já é habitual, com a Emirates – Porto-Lisboa (TAP); Lisboa-Dubai; Dubai-Singapura (Aeroporto Chang), partindo depois para outros destinos, mas é possível voarem directos do Dubai para Kuala Lumpur com a Emirates. No nosso caso, chegamos a partir do aeroporto de Ngurah Rai em Bali, com um voo da AirAsia, que liga toda a Ásia à capital malaia, ao aeroporto Internacional de Kuala Lumpur no distrito de Sepang a cerca de 50km do centro da cidade, este voo teve a duração de cerca de 3h.
Todas as principais empresas de aviação voam regularmente para Kuala Lumpur.

– Fuso Horário: + 8h (relativamente a Portugal).

– Transportes: Kuala Lumpur é servida por todo o tipo de transportes públicos, sendo os mais utilizados o comboio e o Bus. A Uber também está disponível na cidade, mas não é aconselhável o seu uso a partir do Aeroporto (já irão perceber porquê!).

Kuala Lumpur foi apenas um ponto de passagem antes de regressarmos a Portugal, mas já que aqui estávamos tentamos aproveitar ao máximo.

Escolhemos como casa o imponente Grand Hyatt Kuala Lumpur (ver), e nas poucas horas pela cidade optamos por passear à descoberta desta e visitar alguns pontos importantes.

Assim sendo, a questão que se coloca é, o que fazer em Kuala Lumpur em apenas 24h?

Deambular pela cidade sem destino era uma opção, mas existiam alguns lugares que eu gostava de visitar. Assim, optamos por ver dois desses locais, as Batu Caves e Chinatown.

Os “reis” das Batu Caves

Sim, as Torres Petronas também poderiam ser uma opção, mas o Grand Hyatt situava-se mesmo no distrito financeiro da cidade ou como eles lhe chamam, Triângulo Dourado, e o nosso quarto tinha uma vista privilegiada sobre as Torres e isso foi mais do que suficiente para mim.

Até porque, acho que efetivamente o interessante nas Petronas é mesmo a vista que estas oferecem de toda a cidade. De resto são apenas duas torres gigantes de 452m de altura em aço e vidro ligadas por uma ponte! Sim, sem dúvida que à noite, quando completamente iluminadas, são uma verdadeira obra megalómana e que rouba totalmente a nossa atenção!

Bem, mas falando-vos um pouco do nosso tempo em Kula Lumpur, digamos que este não começou da melhor forma!

Chegamos a Kuala Lumpur já de noite e como o aeroporto fica longe do centro da cidade, chamamos um uber – erro crasso – jamais o cometam!

Entramos no uber, confirmamos a morada do hotel, e 10 segundos à frente fomos mandados parar por um polícia. Bem, após uma conversa deste com o condutor que, como é óbvio, não percebemos, eis que nos pede os passaportes! E o passaporte é aquela coisa da qual nós não nos separamos nem por um milésimo de segundo quando estamos bastante longe de casa! Certo?
Ninguém nos dizia nada… não percebíamos nada do que diziam… e o pânico começou a instalar-se!

Finalmente, e após alguns minutos (que pareceram uma eternidade!) fomos informados pelo agente da autoridade que não podíamos pedir uber no aeroporto, que era ilegal, proibido, etc etc etc! Enfim, que podíamos andar de Uber na cidade mas no aeroporto tínhamos que utilizar somente o táxi ou os autocarros. E pronto, lá fomos nós de táxi, pagar 10 vezes mais pela viagem até ao hotel, mas pronto, chegamos inteiros e sem confusões!

Nesse dia e após este começo atribulado e uma viagem de cerca de 1h para chegar ao centro de Kuala Lumpur, já só queríamos dormir, e felizmente o Grand Hyatt tratou muito bem de nós!

A tão merecida cama no Grand Hyatt depois da aventura

Após uma belíssima noite de sono e um pequeno-almoço delicioso lá fomos nós, agora de Uber (!), numa viagem de cerca de 15 minutos até às Batu Caves.

Batu Caves

Ao chegar já se vê ao longe a imponente e gigante (43m de altura) estátua dourada de Murugan – Deus da Guerra para o Hinduísmo.

Talvez o momento mais estonteante da visita às Batu Caves seja mesmo o facto de nos depararmos com esta majestosa figura que se opõe à naturalidade das cavernas com quase 400 milhões de anos!

No fundo este local é nada mais que a mistura dum templo religioso com as formações rochosas talhadas pela natureza ao longo de milhões de anos.

Mas este local nem sempre foi assim tão sagrado, já serviu única e exclusivamente como fornecedor de guano – fezes de aves – para o povo que ali vivia utilizar como fertilizante, mas foi graças a um indiano devoto que a partir do século XIX este local passou a ser visto como um local sagrado capaz de atrair crentes de todo o mundo.

O complexo das cavernas inclui templos, altares, museus, e uma espécie de zoológico. E para poderem usufruir de tudo disto preparem-se para subir 272 degraus!

Logo à entrada somos brindados com um verdadeiro museu a céu aberto do Hinduísmo, diferentes figuras divinas dão as boas-vindas a este verdadeiro monumento da natureza que são as Batu Caves.

A entrada no complexo e a subida pelas escadas até ao topo é gratuita, se optarem por visitar a Dark Cave e a Galeria de História Natural têm que pagar – entre 35 a 80 MYR, dependendo se querem a visita educacional ou a de aventura – aqui terão oportunidade de fazer uma visita guiada ao interior real de algumas das centenas de grutas e ver espécies únicas de vários tipos, desde plantas a insectos e aves (principalmente morcegos). Não fomos, porque além de eu não me dar muito bem com locais demasiado húmidos e escuros, as fotografias, expostas na entrada, do tipo de aranhas e insectos que íamos encontrar destruiu por completo qualquer curiosidade que pudesse ter!

Este local encontra-se no segundo piso da imensa escadaria.
No terceiro e último piso existe um templo, alguns altares assim como figuras hindus, e algum comércio de souvenirs alusivos à religião.

Importante:
– As mulheres não podem entrar de vestimentas curtas, devem colocar um lenço ou sarong a tapar os membros inferiores.
– Cuidado com os macacos que se encontram às centenas ao longo de todo o complexo! São agressivos e roubam tudo o que encontram!

A minha antiga garrafa de água!

Devo confessar que esperava mais deste local, passando a imponência do seu aspeto exterior, com uma perfeita fusão da espiritualidade com a natureza, ao subir as dezenas de degraus o que se vai encontrando no interior das grutas não vai ao encontro do espanto inicial.

Não sei explicar, mas não me dá a sensação de pureza e verdadeira espiritualidade.
Talvez tenha sido eu que não me tenha conseguido ligar ao local…

Bem, terminada esta visita foi tempo de seguir para o outro local que ainda queria ver, Chinatown. Daqui seguimos de comboio até à estação KL Central (barato e bem organizado) numa curta viagem que nos colocou diretamente onde queríamos (os transportes públicos funcionam muito bem na cidade). A estação é mesmo do lado das Batu Caves, virando à direita quem sai do complexo. Ao longo do trajeto até à estação ainda é possível comprar algo para comer ou beber numa das diferentes barracas que se apresentam na rua.

Petaling Street

Chinatown

Cidade que é cidade tem que ter uma Chinatown, principalmente quando essa cidade tem uma cultura chinesa tão enraizada como é o caso de Kuala Lumpur.

Assim, Chinatown transporta-nos para um ambiente cheio de cor, luz, loucura, agitação, barulho (muito), e muitas réplicas!!!
Esta é das regiões mais importantes da cidade e encontra-se sempre repleta de pessoas, não só turistas mas também locais.

A região presenteia-nos com imensos templos, mercados, restaurantes, lojas, e permite-nos encontrar basicamente tudo para todos os gostos.

Alguns dos locais mais interessantes são o Mercado Central – onde se encontra um dos principais focos da comunidade artística da cidade, promovendo o artesanato tradicional e que melhor define as tradições Malaias (o Mercado Central é muito próximo de Chinatown, há quem o considere parte desta e quem o considere uma região à parte); o imponente Sri Mahamariamman – o principal templo Hindu de Kuala Lumpur; e o Malaysia Heritage Walk – uma das principais ruas, que no fundo se traduz num mercado a céu aberto.

Além destes espaços encontram-se muitos mais templos, lojas e mercados, por isso, façam como nós e explorem Chinatown sem pressas. A animação é uma constante e ainda podem aproveitar para fazer umas comprinhas!

Gostei da agitação de Chinatown mas não a achei lá muito tradicional, mas sim muito mais uma infinidade de lojas a vender réplicas de vários produtos!

Bem, já exaustos mas felizes por “fazer render” este dia, decidimos terminá-lo com uma das coisas que mais adoramos, Street Food numa das ruas gastronómicas mais movimentadas da cidade, a Jalan Alor, (relativamente perto do distrito financeiro) onde pudemos provar comida verdadeiramente tradicional!

Restaurantes em Jalan Alor

Como no dia a seguir o voo era ao início da tarde, e a viagem até ao aeroporto ainda demorava cerca de 1h, optamos por ficar apenas a relaxar na piscina do Grand Hyatt, e não visitamos mais nada na cidade.

Assim, podemos dizer que apenas tivemos um dia para explorar a capital da Malásia.

Mas, a realidade é que muitas pessoas que conheço passaram em Kuala Lumpur só mesmo para fazerem uma escala, um pouco maior ou menor que a nossa, e também só aproveitaram alguma coisa da cidade, como nós.

Se forem com mais tempo, aqui estão alguns locais a não perder (pelo menos de acordo com o que pude apurar junto de outros viajantes e de habitantes de Kuala Lumpur):

– Butik Bintang (esta é uma das regiões principais, com ruas interessantes cheias de comércio local, restaurantes, comida de rua, lojas de artesanato, lojas de roupa, entre outros. Apesar de termos andando por estas ruas, pois o nosso hotel era relativamente próximo, não as exploramos muito.)

– Changkat Bukit Bitang (rua na região de Bukit cheia de bares e animação noturna)

– Merdeka Square (local onde foi proclamada a independência da Malásia)
e Museu Sultan Abdul Samad (museu que conta a história da Malásia)

– Museu Nacional

– Thea Hou Temple (templo chinês mais importante da cidade – dedicado à Deusa do Céu)

– Torres Petronas, Menara KL (Torre de televisão com uma das melhores vistas da cidade e mais barato que a subida às Petronas!) e Suria KLCC Shopping Complex

– Chow Kit Market (mercado tradicional e sem a enchente turística habitual)

– Masjik Jamed (Mesquita mais antiga da cidade)

Se fizerem uma escala em Kuala Lumpur aproveitem para absorver o que puderem da cidade, pouco ou muito, dá sempre para ficar a conhecer alguma coisa!

Não vou mentir e dizer que é uma das minhas cidades preferidas, porque definitivamente não o é, mas já que fiz uma escala destas aproveitei ao máximo para a conhecer.

Onde Ficar
Grand Hyatt Kuala Lumpur

 English Version

Fotos: Flavors & Senses

Nota
Flavors & Senses em Bali com o apoio da Samsonite.

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