Amesterdão… Uma cidade que sempre quis conhecer. Sempre me seduziu e aguçou a curiosidade, uma cidade irreverente, excêntrica e descontraída. Claro que tanto interesse acarreta uma expectativa muito elevada, mas que foi em tudo superada!
Tudo é agradável na capital Holandesa, os canais, os passeios de bicicleta, as casas-barco, os bairros boémios, a arte e principalmente o estilo de vida livre e relaxado.
A cidade tem pouco mais do que 750mil habitantes, com um centro bastante pequeno, sendo que é possível atravessar-se todo a pé em cerca de meia hora.
Viajando um pouco no tempo, Amesterdão nasceu na foz do rio Amstel, uma região de extensos lagos e pântanos que se encontravam abaixo do nível médio das águas do mar. A cidade começou a sua origem por volta de 1200, quando se estabeleceu uma pequena comunidade piscatória no local onde hoje é a praça Dam. Nos séculos seguintes, tornou-se num dos principais portos de comércio da Europa.
As bonitas pontes da cidade, a Ópera de Amesterão e a igreja de Moisés e Aarão em fundo
Trabalhadores vindos de todos os locais, desde artesãos, mercadores, negociantes, juntaram-se na cidade e foram dando-lhe vida graças às trocas comerciais.
Amesterdão já é diferente desde o passado, ou seja, ao contrário dos seus vizinhos europeus que tinham um passado feudal, com uma nobreza ou clero influentes, aqui reinava o consenso social e o capitalismo mercantil, e foi esta história, esta diferença, que, muito provavelmente, serviu de impulsionador a uma das mais irreverentes e distintas cidades do mundo.
É uma cidade tolerante e de mente aberta, que percebeu que se não se consegue pôr fim a algumas questões, mais vale aceitá-las e “vigiá-las” minimamente. Assim, a prostituição é legal desde o século XVII, o consumo de marijuana nas coffeshops é livre e legal, a eutanásia também é legal, e o casamento entre homossexuais está legalizado desde 2001.
Aqui vive-se um espírito genuíno de tolerância e abertura e acredita-se na liberdade individual. No fundo, acho que é isto que tanto fascina nesta cidade!
Bem, vamos agora percorrer a cidade. Podem fazê-lo a pé, de bicicleta ou de transportes públicos. Se optarem por percorrer a cidade a pé tenham cuidado pois a probabilidade de serem atropelados por uma bicicleta é bastante elevada, são centenas delas, e são elas que ditam as regras, a cidade tem leis que desencorajam o recurso do automóvel, e então, todos andam de bicicleta. É confuso, mas bem mais agradável e menos poluente.
A estação Central de Amesterdão
São muitos os museus em Amesterdão, mais de 50, e de todo tipo, por isso escolham os que mais se adequam a vocês.
Mais a ocidente da cidade podemos encontrar uma das casas mais mediáticas da história da Segunda Guerra Mundial. A casa de Anne Frank, onde viveu e se escondeu no sótão a menina judia de 13 anos juntamente com a sua família durante a perseguição e política anti-semita de Hitler, e onde escreveu durante dois anos, até ela e a família serem descobertos e levados aos campos de concentração, o diário mais traduzido de sempre. Façam a visita logo pela manhã para evitar filas.
Próximo à casa, existe uma igreja, a Westerkerk, cujo som do sino era uma das poucas referências externas que a família tinha enquanto vivia em isolamento. No seu interior podemos ver frescos dos evangelistas de Gerard de Lairesse, um dos alunos de Rembrandt, cujos restos mortais foram aqui sepultados em local desconhecido.
Há pelos menos 3 Museus que considero imperdíveis em Amesterdão, um deles, o Rijksmuseum.
É o mais importante museu do país, e foi concebido pelo arquiteto Petrus Cuypers em 1885. É um imponente palácio de tijolo vermelho na sua maioria de estilo neorenascentista holandês mas com alguns apontamentos neogóticos e abriga um acervo de arte holandesa inigualável. A jóia da coroa é a “Ronda Noturna” de Rembrandt.
Para conhecer o Rijksmuseum é preciso bastante tempo e as filas são longas mas vale bem a pena.
Outro museu imperdível, o Museu Van Gogh que acolhe a maior coleção do mundo das obras deste génio que apenas começou a pintar aos 27 e que se suicidou 10 anos depois.
São mais de 200 quadros e 500 desenhos de diversas fases do artista, além das cartas que ele escrevia ao seu irmão mais novo, Theo, negociante de arte em Paris.
A jóia é o famoso “Os comedores de Batatas”.
O museu possui também obras dos seus “modestos” amigos, Gauguin, Monet, Bernard e Pissaro.
Encontramos também nesta cidade repleta de arte um dos mais importantes museus de arte contemporânea do mundo, o Stedelijk Museum, que inicialmente foi criado para abrigar a coleção particular de obras de arte de Sophia de Bruyn que foi doada à cidade, mais tarde, obras de Matisse, Malevich, Piet Mondrian, Picasso e Monet passaram a fazer parte da coleção.
Um dos Auto retratos de Van Gogh no Rijksmuseum
Além destes locais podemos encontrar muitos outros, a Casa de Rembrandt, o Museu Judaico, a Heineken Experience para os apaixonados por cerveja, o Museu da Marijuana, A Sinagoga Portuguesa, o Museu do Sexo (claro que não podia faltar), o Museu Erótico…. Há uma imensidão de coisas para se fazer. Decididamente não dá para ir só uma vez a Amesterdão.
Outros locais magníficos são as praças, a Dam, por exemplo, local onde nasceu a cidade, destaca-se pelo Koninklijk Paleis, ou palácio real e a basílica de Niuwe Kerk.
Falando em praças podemos falar também em jardins, como o Vondelpark, um dos jardins mais concorridos da cidade com lagos artificiais, relvados e caminhos sinuosos entre as árvores.
Numa zona mais central da cidade encontramos um dos sítios que mais curiosidade me suscitava ( a mim e a qualquer turista que chega pela 1ª vez), o Red Light District ou Bairro da Luz Vermelha!
O Red Light District antes da hora de Ponta
É, sem dúvida, um local bastante diferente, irreverente e onde se vê de tudo, as janelas com as cortinas e luzes vermelhas exibem mulheres magras, gordas, muito gordas, novas, maduras, loiras, ruivas, morenas, todas praticamente nuas! Quando estas não estão disponíveis as cortinas estão fechadas.
Este bairro já existe desde o século XIII quando os marinheiros chegavam ao porto necessitados de companhia feminina. A prostituição cresceu e instalou-se com tanta força que depois de várias tentativas frustradas de eliminar a profissão no local, o ofício acabou por ser aceite e mais tarde legalizado.
Toda a gente é atraída para esta rua, toda a gente olha, toda a gente aguça a curiosidade. Além das janelas/montras a rua tem também sex shops, cafés, museus eróticos, shows de sexo explícito e restaurantes.
Além desta irreverência temos também outra em Amesterdão, os Smoking Coffeeshops (que aromatizam o ar um pouco por toda a cidade).
Estes não são os típicos cafés nos quais costumamos entrar durante uma viagem para descansar um pouco e recarregar as baterias. Nestes nem sequer é permitida a entrada de menores. Estes são os famosos bares onde a marijuana e haxixe são vendidos livremente. E para quem não fuma, podem também ser consumidas na forma de bolinhos e biscoitos. A quantidade de matéria-prima com que são confeccionados é sempre uma incógnita, por isso não se empolguem demasiado!
Amesterdão é muitas vezes apelidado de Veneza do norte pois os seus canais são igualmente bonitos, e conferem à cidade um charme inigualável.
Herengracht ou Canal dos Cavalheiros é um deles e está rodeado por exuberantes mansões altas e estreitas (para minimizar os impostos, uma vez que estes eram taxados de acordo com a largura). Singel é outro dos belíssimos canais, junto ao qual fica o mercado flutuante de flores e produtos orgânicos, o Bloemenmarkt.
Além destes grandes canais, temos muitos outros, uns mais pequenos, outros maiores, com cerca de 2500 Casas-Barco e com variadíssimas pontes.
Na Gastronomia, a cidade também marca alguns pontos, fugindo dos inúmeros espaços de batatas fritas que parecem uma espécie de praga, encontramos fantásticas padarias artesanais, lojas de queijos, mercados biológicos e restaurantes que vivem o espírito da cidade.
Esta cidade é única, irreverente, descontraída e acima de tudo boémia e alegre. Há tanto para ver e viver em Amesterdão, para todas as idades e para todos os gostos! Vão com tempo ou então façam como eu, marquem o Regresso!
A Ronda Noturna transformada em estátua numa praça da cidade
Fora da Cidade
Podem também, se tiverem tempo, passear fora da cidade pelas estradas da Holanda, com as paisagens de moinhos e flores (para isto escolham uma época do ano com sol-entre Abril e Junho). Se tiverem uns dias extra não deixem de visitar as vilas de Alkmaar e Haarlem. A primeira tem um dos mais antigos mercados de queijo da Europa, com origem no séc. XVII. Quanto a Haarlem é uma cidade que mantém a estrutura do séc. XVII com edifícios históricos, pátios e jardins interiores, com lojas de antiguidades únicas.
Onde Ficar
Hotel Dwars
Sofitel Legend The Grand Hotel
Onde Comer
L’Amuse (Stadionweg 147), é a loja indicada para os adeptos de queijo, por lá poderão encontrar os melhores exemplares dos mais variados queijos da Europa escolhidos a dedo pela mestre Betty Koster.
A Hartog’s (Ruyschstraat 56/cnr. Wibautstraat) é a padaria artesanal mais famosa da cidade, com tudo a ser produzido na casa desde a própria farinha.
No que a restaurantes diz respeito, Amesterdão está bem servido, com espaços com estrelas Michelin como o Ciel Blue (2 estrelas), restaurantes elegantes como o De Kas, localizado numa antiga enfermaria, passando pelo descontraído Ron Gastrobar, do famoso chef Ron Blaauw. É possivel ainda encontrar uma grande diversidade de espaços de cozinha tailandesa, japonesa e claro na Chinatown pode encontrar-se o mais tradicional que a cozinha Chinesa tem para oferecer.