Parte da vista estonteando do The Fullerton Hotel
Singapura foi a maior surpresa que já tive numa viagem, não vos sei dizer propriamente se foi o local que mais gostei de visitar (provavelmente não), mas foi certamente o que mais me surpreendeu.
Por norma o meu tipo de viagem favorita passa por aqueles destinos mais históricos, com um passado bastante rico e ainda com marcas bem visíveis dessa mesma história, a minha paixão é, sem dúvida, essencialmente, História Antiga e Medieval, apesar de que a Moderna e Contemporânea também me despertam curiosidade.
Posto isto, Singapura faz parte daquelas cidades preenchidas por arranha-céus, demasiado modernizadas e aparentemente sem uma história muito relevante, o que à partida não estaria incluído no meu Top 10, mas…
Singapura roubou-me o coração!
A genial arquitectura do Gardens by the Bay
Então porquê? – perguntam vocês em tom de curiosidade.
Porque a cada passo e a cada descoberta da cidade ou país (sim, é as duas coisas!) a única lembrança que me vinha à memória era a letra de uma das mais belas músicas de sempre: “Imagine” de John Lennon, em que o mundo é descrito como uma utopia (infelizmente) e em que todos vivem em harmonia.
E Singapura é quase essa mesma utopia!
É a cidade mais limpa, mais organizada, mais segura e mais civilizada que eu já conheci. É a combinação de várias comunidades com diferentes costumes, tradições e ideologias religiosas, e que vivem em perfeita comunhão.
Sinceramente, era capaz de viver neste paraíso, e raramente (ou nunca, para ser mais sincera), eu digo isso! Apesar de tudo, eu Amo Portugal e gosto de viver no meu país.
A principal mesquita de Singapura
E como surgiu este Pequeno Paraíso? – Continuam vocês a perguntar.
Tudo parece ter tido início no século XIV quando o príncipe Iskandar Shah ancorou numa pequena vila de pescadores para fugir a uma tempestade. Reza a lenda que este terá avistado um leão, que em sânscrito se denomina singha e daí o nome do país, Singapura – a Cidade do Leão.
Mas o ponto mais crucial leva-nos um bocadinho mais à frente na história, já para o século XIX, quando o inglês Sir Thomas Stanford Raffles se estabeleceu na ilha com fins comerciais. Daí a forte influência britânica, como conduzirem pela esquerda, terem uma democracia parlamentar com um sistema Westminster, entre outras coisas.
O Império Britânico obteve soberania completa da ilha em 1824.
Singapura foi depois ocupada pelo Império do Japão durante a Segunda Guerra Mundial mas voltou ao domínio britânico após o conflito. Tornando-se auto-governada em 1959.
O território uniu-se a outros ex-territórios britânicos e formaram a Malásia em 1963.
O Famoso Hotel Raffles, o 1º de Singapura
Passados dois anos tornou-se um Estado totalmente independente. O que parece ter sido a melhor decisão possível para este povo! Uma vez que, a partir daí, teve um aumento maciço em termos de riqueza que rapidamente a tornou num dos quatro Tigres Asiáticos.
A economia está, essencialmente, dependente da indústria e dos serviços e o país é líder mundial em diversas áreas. É o quarto principal centro financeiro do mundo, o segundo maior mercado de casinos e o terceiro maior centro de refinação de petróleo. O seu porto é um dos cinco mais movimentados do mundo (é incrível ver todos os barcos em torno da ilha quando se está a voar sobre Singapura).
E como se isto não bastasse, é o lar do maior número de famílias milionárias em dólares per capita, ao que parece, 1 em cada 10 habitantes possui mais de 1 milhão de dólares de Singapura!
O Banco Mundial considera-o como o melhor lugar no mundo para se fazer negócios.
Ou seja, para quem ainda não percebeu: Singapura é um dos países mais ricos e agitados do planeta!
O centro empresarial de Singapura
Ao que parece tudo isto deve-se na sua maioria a Lee Kuan Yew, de descendência chinesa e filosofia socialista, considerado o “pai” de Singapura e que foi eleito primeiro-ministro durante 30 anos, sendo sucedido pelo seu filho, Lee Hsien Loong que ainda está no poder.
Nesta altura estão vocês a pensar – “Humm mais uma Ditadura!” – Mas enganam-se, existem vários partidos, eleições e um governo que desenvolveu o País em vez de se enriquecer a si próprio. Algo bem visível quando ouvimos alguns locais a falar sobre os seus governantes e o seu trabalho (gostava de poder dizer o mesmo…).
Atualmente, Singapura tem uma população de cerca de 5 milhões de habitantes de diversas etnias. Os três principais grupos são Chineses, Malaios e Indianos. Em termos de religião há um pouco de tudo. O que faz com que templos budistas (cerca de 50% da população), muçulmanos e cristãos (cerca de 15%) e hindus (cerca de 4%) vivam lado a lado. Viver lado a lado nem sempre significa viver em comunhão, mas aqui é assim que se vive, e vive-se tão mas tão bem!
Templo Hindu – Sri Veeramakaliamman
No fundo, há um profundo respeito pelas diferenças culturais de cada um, claro que também existe todo um sistema formatado por regras bem definidas e bem rígidas (mesmo muito rígidas), mas a verdade é que funciona na perfeição, e por isso digo e vou repetir bastante ao longo deste artigo, que Singapura é um local perfeito!
O que precisam saber para viajar para Singapura:
– Língua Oficial: Inglês
– Moeda: Dólar de Singapura (1EUR = 1, 52683 SGD)
– Clima: bastante quente durante todo o ano (25 a 35 ºC, as épocas mais chuvosas são de Novembro a Janeiro/Fevereiro – fomos em final de Fevereiro e correu bem, apanhamos duas horas de chuva numa das tardes).
– Vacinas: Não são necessárias (Para Portugueses)
– Passaporte: Como é habitual é obrigatória a apresentação de um passaporte com validade de 6 meses.
– Visto: A maioria dos Países não necessitam de Visto para entrar em Singapura (Portugal e Brasil incluído) , a não ser que pretendam ficar no país por mais de 90 dias.
No entanto, os Brasileiros precisam de apresentar um certificado válido sobre a Febre Amarela. Saibam mais aqui.
– Como chegar: Voamos, como já é habitual, com a Emirates – Porto-Lisboa (TAP); Lisboa-Dubai; Dubai-Singapura (Aeroporto Changi) – num total de cerca de 17h de voo ao todo, fora as escalas.
É fácil encontrar viagens a partir de qualquer grande cidade, uma vez que todas as grandes companhias voam para Singapura.
A Partir do Brasil é fácil conseguir voos com a Emirates, a United e a Etihad.
– Fuso Horário: + 8h (relativamente a Portugal)
– Transportes: Os táxis não são caros e levam-nos a todo o lado basicamente, com taxímetro, fatura e sem burlas, para variar um pouco do habitual panorama. A rede do Metro também é bastante organizada e fácil de utilizar, garantindo um acesso rápido às diferentes zonas a visitar, a Uber também está disponível, com um ótimo serviço e um maior número de serviços (é possível até chamar um taxi a partir da aplicação).
Tendo em conta a sua elevada população, Singapura não apresenta o habitual (e infernal) trânsito das metropoles asiáticas. Isto porque o governo, definiu uma excelente rede de transportes públicos e aumentou o preço dos carros e das licenças (que podem custar tanto ou mais do que o carro que se quer comprar).
– Regras a ter (muito) em conta: É proibido mascar chiclete, aliás, não há à venda sequer e não podem entrar com este produto no país; é proibido cuspir para o chão; é proibido atravessar fora da passadeira; é proibido urinar na rua; é proibido deitar lixo para o chão; é proibido frequentar o casino com menos de 21 anos; é proibido o uso de droga, aliás é punido com pena de morte!; convém também evitar manifestações de carinho em público.
Pode parecer um exagero, mas não é, pois a verdade é que funciona, as ruas estão impecavelmente limpas, a cidade tem uma organização que roça a perfeição, e é um dos melhores locais do mundo para se viver! Por isso está a resultar!
Podem sempre infringir as regras se quiserem, habilitam-se é a sofrer as severas consequências, como multas altas, prisão ou até chibatadas! E escusam de pedir ajuda ao vosso país de origem! Um Sr. Presidente dos EUA já tentou e não lhe adiantou de grande coisa!
Singapura também tem uma agitada vida noturna
O que visitar em Singapura?
Do topo do Marina Bay Sands, ao Zoo, passando por Chinatown aos parques nacionais, há tanto para fazer, tanto para ver e tanto para explorar! Singapura apesar de ter aquele aspecto todo cosmopolita, é um autêntico jardim, o verde é uma das cores predominantes e rivaliza com o metal dos arranha-céus. Tudo isto porque o visionário Lee Kuan Yew, quis desenvolver Singapura como uma cidade verde que cortasse os efeitos de uma selva de cimento. A conjugação é encantadora de se ver.
O Contraste entre os arranha-céus, o verde e a influência Inglesa
As lindíssimas orquídeas do National Orchid Garden
Além disso, como poderão ver nos artigos do João, Singapura é dos melhor destinos do mundo para comer. Do Fine Dining à comida de rua, os Singapurenses levam a qualidade da sua comida muito a sério, pelo que as boas opções não faltam!
Estivemos apenas três dias em Singapura, mas recomendo-vos, desde já, cinco. Aproveitamos muito bem a cidade, mas gostávamos de ter ficado mais tempo.
Basicamente, tenho um ótimo pretexto para voltar!
Nos próximos artigos vamos percorrer Singapura ao longo dos três dias que lá estivemos, o que visitamos, onde comemos e tudo o que fizemos num Roteiro único! Não percam!
Fotos: Flavors & Senses
Nota
Flavors & Senses em Singapura com o apoio da Samsonite e da Singapore Tourism Board – #YourSingapore.