A antiga sede do Ministério da Administração Interna deu origem à nova Pousada de Portugal, um edifício com história, charme e luxo a percorrer todo o seu interior.
A localização não poderia ser mais idílica, o Terreiro do Paço.
O Tejo rivaliza com a Praça ao mesmo tempo que cria com ela quase uma sinergia de paixão avassaladora, o ambiente é perfeito, a vista é deslumbrante e a nossa mente perde-se na arquitetura daquela que foi a visão única de Marquês de Pombal.
A Pousada de Lisboa situa-se no canto noroeste deste conjunto arquitectónico, que é Monumento Nacional desde 1910.
Primeira Impressão:
Depois da azáfama em conseguirmos chegar de carro à Pousada – mais culpa do GPS que do condutor, diga-se – lá fomos recebidos por um dos mais educados e simpáticos funcionários que alguma vez nos recebeu (algo nem sempre comum, infelizmente).
A entrada não poderia ser mais memorável, uma escadaria de mármore e alcatifa aveludada dignas de gala, surgem à nossa frente, e terminam num vitral colorido a chamar por nós. No entanto, esta não é a entrada da Pousada, era sim, outrora, o acesso principal ao Ministério da Administração Interna.
Entramos assim, pelo lado esquerdo, numa porta de vidro que se abriu para nos receber e onde se situa a receção.
A decoração não poderia ser mais imponente, fiquei hipnotizada pelo teto, numa singela homenagem ao País deparamo-nos com os Descobrimentos, através dos astrolábios, naus, marinheiros, e rosas-dos-ventos.
No centro desta sala contígua à receção, além desta ode aos Descobrimentos, temos também uma estátua de Nuno Álvares Pereira, livros sobre a História e Literatura Portuguesas, duas antigas liteiras de madeira, um busto de Amália Rodrigues e um de Luís Vaz de Camões e quadros de Nadir Afonso espalhados pelas paredes.
Pois é, ainda nem saímos da receção!
O nosso Check-in foi realizado com prontidão e fomos acompanhados ao quarto, enquanto, o mesmo funcionário que nos recebeu à entrada, nos ia guiando numa viagem pelo tempo e mostrando as diferentes peças de arte ao longo do edifício.
Quartos:
São 90 quartos, distribuídos ao longo de quatro pisos e divididos em cinco tipos: o Classic, o Superior, o Deluxe, o Duplex e cinco suítes, três standards, uma intermédia, a Praça do Comércio, e uma presidencial, a Dom Perignon.
Os quartos podem ter vista para a Praça do Comércio, para a Rua Áurea, para a Câmara Municipal de Lisboa ou para a colina do Castelo de São Jorge.
Ficamos num Deluxe com uma vista deslumbrante para a Praça do Comércio com o Tejo como horizonte.
Bem, foi amor à primeira vista… Eu e o quarto criamos uma paixão instantânea!
Uma banheira em mármore que se abre para todo o quarto, seis almofadas gigantescas, uma delas era praticamente do meu tamanho (também não é difícil, eu sei!), e uma chaise longue no cantinho das portadas que se abrem para a Praça do Comércio! E pronto, encontrei a felicidade!
A vista única sobre a Praça e o Tejo
Não fosse o facto de não haver um pequeno apontamento que servisse de “Boas-Vindas” e tudo teria sido perfeito neste quarto.
Restaurantes:
O pequeno-almoço é servido num pátio interior, que à semelhança do restante hotel, homenageia mais uma vez o país, com chão em calçada portuguesa, e duas magníficas réplicas dos painéis de São Vicente.
Este átrio é preenchido por luz natural graças ao teto envidraçado que se abre para nos iluminar.
Ao lado deste local fica a entrada para o restaurante do hotel, o Lisboeta (com entrada também pelo exterior), de inspiração na gastronomia tradicional portuguesa, a cargo do jovem mas promissor chefe Tiago Bonito. O restaurante possui também bar e esplanada sob as míticas arcadas de pedra do Terreiro do Paço.
Serviços:
O hotel tem um excelente espaço para “recarregar baterias”, um pequeno Spa que inclui piscina interior (que infelizmente no momento em que decidimos utilizá-la estava com algum problema técnico e por isso a água não estava à melhor das temperaturas), sauna e um fitness center.
Com acesso direto da zona da piscina, por uma pequena escada em caracol, subimos até ao solário natural, no fundo é um pequeno, mas muito agradável, terraço em volta da clarabóia do pátio interior.
O hotel integra, ainda, duas salas para reuniões ou eventos, que albergam entre 140 a 150 pessoas, a Sala Terreiro do Paço, e o imponente Salão Nobre. Esta última apresenta um magnífico teto todo trabalhado com adornos em estuque, e ornamentado com folha de ouro, o enorme candelabro no centro possui um brilho que nos faz imaginar o mais elegante e luxuoso dos bailes de outrora.
Atendimento:
Uma equipa muito bem preparada, com uma simpatia bem acima do habitual, com um serviço cuidado e atento.
Apesar de ser um espaço tão recente nota-se que há todo um trabalho bem desenvolvido por trás, com o selo de garantia do grupo Pestana, que faz com que nos sintamos importantes, sem nos sentirmos demasiado invadidos.
Certamente o caminho a seguir continuará a ser este e no sentido de receberem cada vez mais e melhor os seus hóspedes, naquele que é o hotel que em cada metro quadrado presta uma humilde homenagem a este país “à beira-mar plantado”.
É possível sentir que ao longo de todos os espaços do hotel o clássico entra na mais perfeita simbiose com o contemporâneo, que vai aliando as peças de mobiliário antigo e as várias obras de arte.
As obras de reabilitação procuraram manter a traça original deste edifício histórico, e conseguiram, e a prova disso é o verdadeiro esplendor presente em cada espaço e em cada pormenor que nos remete facilmente para um edifício do século XVIII. Que todas as Pousadas de Portugal saibam manter assim a identidade dos seus edifícios.
Uma estadia memorável, a repetir, certamente!
Pousada de Lisboa
A Pousada de Lisboa faz parte dos Small Luxury Hotels of the World – www.slh.com
Quartos desde 189 euros
Praça do Comércio, 31-34 – Lisboa
(+351) 210 407 640
guest@pousadas.pt
Fotos: Flavors & Senses
Nota
Estivemos na Pousada de Lisboa a convite das Pousadas de Portugal, sendo que isso em nada altera o nosso trabalho, cuja opinião e texto são da exclusiva responsabilidade do seu autor.