No antigo posto de observação criado por Edgar Cardoso para acompanhar as obras de construção da Ponte da Arrábida, vive desde 2005 a Casa D’Oro, um espaço recriado por Miguel Tomé que tem como proprietária a italiana Maria Paola Porru ( dos restaurantes Casanostra e Casanova, em Lisboa). O edifício divide-se em dois espaços, a Pizzeria que ocupa o piso superior e o terraço, e o restaurante no piso inferior, decorados de forma simples, sempre mantendo o design industrial que caracteriza o edifício. Já havíamos visitado a Pizzeria várias vezes ( em tempos a melhor da cidade), mas nunca o restaurante, pelo que decidimos fazer uma visita.
A carta apresenta uma viagem por pratos bem tradicionais de Itália e outras adaptações mais portugueses, é possível também optar pelas pizzas, mas desta vez quisemos experimentar o resto ( infelizmente).
Carpaccio com Trufas (12€)
As trufas ocupam um lugar importante na carta do restaurante, estando presentes em vários pratos. Aqui representadas por um pouco de trufa de verão de conserva. Um prato simples com uma carne bem preparada. A trufa era desnecessária.
Taleggio Panado (5,5€)
Um queijo italiano de textura semi-mole, bem panado e muito bem frito. Servido com uma compota, rúcula e uma imensa redução de balsâmico. Um prato bem preparado e de bom sabor, embora o balsâmico não acrescentasse nada ao prato.
Penne Marinara, Camarão, amêijoa e mexilhão (11€)
A massa estava cozinhada no ponto, com o marisco um pouco para lá do desejado. O molho é que tinha pouco da clássica marinara, um molho rico de tomate que aqui era muito mais oleoso. Um prato que não deixa memória, ao nível daquilo que qualquer estudante universitário cozinha para surpreender os amigos. Básico.
Ossobuco, Risotto Alla milanese (14€)
As saudades de um bom ossobuco levaram-me a escolher este prato, para mal dos meus pecados. Tudo estava errado, a carne ainda estava dura, a gremolata foi substituída por um pouco de salsa, e o risotto foi o pior que me serviram até hoje. Aquele arroz parecia um arancini desfeito (croquete de risotto), sem qualquer tipo de cremosidade, empapado e repleto de queijo. Dos piores pratos que infelizmente provei nos últimos tempos.
Panna Cotta (4€)
A minha sobremesa italiana preferida, aqui numa versão sofrível, com demasiada gelatina e um conjunto muito doce.
A Carta de vinhos é pequena, com algumas referências Portuguesas e Italianas, mas com preços desadequados face ao serviço prestado. Optamos por um Quinta do Vallado Branco (11€), em promoção no dia, servido quase à temperatura ambiente e num balde quase sem gelo.
A aparente simpatia e relaxamento dos funcionários da sala deixam transparecer muitas falhas num serviço desadequado ao espaço e aos preços praticados.
Considerações Finais
Se em tempos a Casa D’Oro foi uma das principais marcas da cozinha italiana no Porto, hoje mostra-se num nível descendente e a precisar de sérias melhorias. Um restaurante não se faz apenas de boas decorações, ou neste caso de boas vistas, é preciso que a comida e o serviço acompanhem e se sobreponham a tudo o resto, o que aqui está longe de acontecer. A Pizzeria pode continuar a valer a pena, mas se o objectivo é passar ao resto do receituário italiano, o melhor é optarem por outro Restaurante, dos muitos espalhados pela cidade.
Casa D’Oro
Rua do Ouro, nº 797 Porto
22 610 6012
A minha pizza favorita, a Diavola, foi sempre a melhor da cidade mas confesso que desde a re-abertura da Casa Ribeiro, na praça dos Poveiros, que estou completamente apaixonada pela pizza de trufa e cogumelos (à qual peço sempre para adicionarem rúcula, à semelhança do que fazia com a Diavola do Casa D’Oro).
Quanto à parte de restaurante, sim, já teve melhores dias. A polenta vegetariana, que agora raramente encontro no menu, foi das melhores coisas que já comi até à data. O serviço é bem mais relaxado do que já foi e deixa transparecer algumas falhas.
Essa pizza é um clássico da Forneria. Infelizmente sobre a Casa D’Oro temos ouvido (lido) várias más experiências.
João