Foi no passado Sábado que o Porto recebeu a sua segunda edição do Adegga Winemarket. Tendo o mesmo palco que no ano anterior, o Hotel Porto Palácio, nesta edição o espaço foi outro, menos intimista que em 2014 mas mais amplo e iluminado.
O princípio foi o mesmo a que André Ribeirinho e a sua equipa nos têm habituado, uma prova de vinhos diferente, num ambiente descontraído, em que se consegue falar com produtores, perceber os vinhos, receber as informações através do Smart Wine Glass, e ao contrário da maioria das provas, comprar diretamente os vinhos de que mais se gostou.
Começamos pela Niepoort, com a presença habitual do animado Paulo Silva, a mostrar algumas das novas estrelas da companhia, como os vinhos produzidos na Quinta de Baixo, na Bairrada, o Lagar de Baixo, o Syrah e o fantástico Poeirinho, um 100% baga feito a partir de vinhas muito velhas, que mostra bastante complexidade no nariz e uma boca elegante e precisa com taninos suaves que convidam a não largar o copo. Mais um grande vinho de Dirk Niepoort.
Nota ainda para o Riesling Dócil, que fez um “hater” de vinho que nos acompanhava iniciar-se na prova… certamente a primeira de muitas.
Seguiu-se a Quinta do Pôpa, do qual havíamos feito uma prova horizontal poucos dias antes, pelo que desta vez a prova resumiu-se aos rótulos Lolita e Milf de 2011 da Wine on the Rocks Finkus Collection, dois vinhos jovens com rótulos modernos e “radicais”, com a Milf a mostrar toda a sua “sabedoria e anos de experiência” com maior complexidade e taninos mais elegantes. Um Excelente Par!
Ainda no Douro, um grande vinho de Jorge Moreira, o Poeira, um dos grandes vinhos da região, um vinho pujante, bastante concentrado e com taninos austeros. A cave é o melhor destino deste vinho que terá certamente um futuro brilhante.
Provaram-se também os interessantes vinhos da Quinta do Pessegueiro além do seu excelente azeite. Um espumante que entrou recentemente para o leque dos nossos favoritos, o Real Companhia Velha, entre muitos outros já nossos conhecidos na região.
Fugindo do Douro, voltamos ao Dão, com os vinhos da Quinta de Lemos em prova, realço o Jaen e o Tinta Roriz, como os vinhos que mais me cativaram, assim como a apresentação do branco Dona Paulette 2013, acabado de engarrafar. Além dos vinhos tivemos ainda uma agradável conversa com Pierre Lemos, sobre a Quinta, o projeto e a vida, algo possível apenas em pequenos eventos como este.
Também os vinhos de António Madeira, da zona serrana do Dão, se mostraram em grande forma, com uma vincada marca do Terroir e uma expressão cada vez mais comum do trabalho feito na vinha.
Passando à região mais a norte do País, provamos os clássicos Alvarinhos da Quinta do Soalheiro, com destaque para um Primeiras Vinhas de 2007, a mostrar o porque de ser um dos melhores vinhos de Portugal, e certamente um dos meus brancos preferidos. Também sobre a casta Alvarinho, não posso deixar de falar da Quinta de Santiago, um projeto recente da região de Monção, presentes com um colheita e um reserva que dividem opiniões sobre qual o mais interessante, mas que garantidamente estará já na minha tabela entre os 3 melhores produtores da região.
Quinta de Santiago e os chocolates feitos em parceria com a Cacao di Vine
De regiões mais a Sul, destaque para os refrescantes vinhos do Casal Sta. Maria, secos, minerais e com aquele toque salgado que só aquela região de Colares apresenta. Grandes Brancos.
Um dos pontos fortes do evento é a qualidade fotográfica de Ricardo Bernardo, aqui bem patente com o carismático “Joe Guedes”
Enquanto a prova ia decorrendo e a afluência aumentando na sala principal, fizemos um pequeno desvio para conhecer a sala Premium de 2015, desta vez com todo o Porto como pano de fundo e um maravilhoso pôr do sol. Em prova cerca de 15 vinhos entre Brancos e Tintos mais 10 Portos, alguns com mais de 100 anos.
Entre os brancos, destaco o Ribeiro Santo Vinha da Neve 2013 um vinho do Dão criado por Carlos Lucas com a casta Encruzado, um vinho complexo, com excelente estrutura e uma fantástica acidez, certamente um dos grandes brancos nacionais. Em prova ainda o Real Companhia Velha Séries Samarrinho 2013, um vinho feito com uma velha casta quase desaparecida e que lhe dá o nome, o Mirabilis Grande Reserva 2013, o Pedra Cancela Signatura 2012, o Ares do Dão Varanda da Serra 2013 Magnum e o Casa Ferreirinha Antónia Adelaide Ferreira 2012.
Nos tintos havia também uma excelente selecção, com Foz Torto Vinhas Velhas de 2011 a revelar-se uma agradável surpresa, a par da nossa já conhecida Homenagem 2009 da Quinta do Pôpa em garrafa Magnum. Mas o claro vencedor da prova é o impressionante Legado de 2010 (Sogrape), mais um soberbo vinho de Luís Sottomayor. Um néctar intenso, com grande complexidade no nariz, excelente acidez e um uso certeiro da madeira, com um final de boca longo que tende a não desaparecer facilmente da memória.
Entrando no universo do vinho do Porto, a nossa ideia vai sempre para a prova dos centenários vinhos da Andresen, os colheitas de 1910 e 1900, destes o vencedor foi o 1910, com notas mais interessantes e aquele “vinagrinho”. De realçar que em prova cega nenhum deles teria tanta idade, quer pela cor, aroma e estrutura do vinho. Muito bons.
Nota para o fantástico Niepoort Garrafeira de 1952, o Real Companhia Velha Jubileu, em que infelizmente a garrafa não faz jus à qualidade do vinho apresentado (os rótulos são certamente um ponto a rever nesta casa, que apresenta cada vez melhores vinhos, mas com uma imagem que não acompanha essa qualidade) e o Vieira de Sousa Branco com mais de 40 anos.
Vieira de Sousa +40 anos branco
De realçar ainda nesta sala Premium a presença de Cátia Mesquita, com os seus Chocolates artesanais. Uma talentosa mão portuense à qual os apaixonados do chocolate devem estar atentos. Todos os que provamos estavam irrepreensíveis, da técnica ao sabor passando pela complexidade do jogo de texturas num bombom. Uma grande surpresa, e uma excelente harmonização com os vinhos do Porto.
As Trufas e Bombons de Cátia Mesquita
Este Winemarket foi, à semelhança da edição anterior, mais do que uma prova de vinhos, foi um grande evento com a chancela da Adegga, um encontro com amigos e uma oportunidade para conhecer pessoas novas do mundo dos vinhos e da gastronomia. Para quem perdeu esta edição ou ficou com vontade de conhecer a qualidade dos eventos Adegga, não se preocupem, o Winemarket entrou em modo Tour e vai passar em breve pelo Algarve ( 6 de Junho), Lisboa ( 4 de Julho), Estocolmo (19 de Setembro), Berlim ( 3 de Outubro) e Lisboa ( 5 de Dezembro).
A equipa Flavors & Senses em modo Adegga com Niepoort e Quinta do Pôpa
Fotos: Flavors & Senses e Ricardo Bernardo para Adegga